Rock, indie, música eletrônica e hip hop… O Coachella, um dos festivais mais hypados dos últimos anos, se destaca pelas temáticas, organização e qualidade de entrega.
Música, arte e viagem, tem mistura melhor? Viajar para um festival de música merece uma atenção exclusiva no planejamento, e no caso do Coachella, um dos festivais mais desejados dos últimos tempos, a atenção deve ser dobrada, já que as melhores opções de ingressos, hospedagem e transportes esgotam rápido. Digo isso porque acompanhei toda a organização do Daniel Melo, um amigo que estreou esse ano no festival, e a pedido nosso (valeu, Dani!), respondeu seis perguntas em um estilo Coachella para iniciantes, com dicas essenciais para você que está programando ir ao festival no próximo ano.
1 – Sabemos que os ingressos do Coachella são bastante disputados. Foi fácil para você comprar o ingresso? O ingresso chegou na sua residência no Brasil ou você teve que buscá-lo em algum local nos Estados Unidos?
- Com shuttle bus (foi o que comprei)
- Com hotel incluso
- Com camping incluso
- Com tendas de luxo no camping chamadas “safari tents”
- “Outstanding In The Field” na qual são servidas refeições de luxo com pratos exclusivos feitos por chefs renomados no rose garden do Coachella
2 – Qual a melhor forma de hospedagem para quem pretende ir ao Coachella? Sabe como funciona o sistema de camping? Quais são as cidades mais próximas?
- Palm Desert
- La Quinta
- Indian Wells
- Indio
- Desert Hot Springs
- Palm Springs
- Mission Hills
3 – Como chegar no Coachella? Quais são as opções de transportes? Teve dificuldade para chegar no evento?
4 – Uma questão importante do planejamento é sobre a média de gastos. Pensando apenas no festival, qual é o gasto médio para um final de semana de evento? (Ingresso, hospedagem, transporte, alimentação e bebidas)
- Ingresso: USD 399 (pulseira 3 dias GA; VIP custa USD 799)
- Cartão Shuttle Bus: USD 75 (total, válido para os 3 dias)
- Transporte: no meu caso, aluguei um carro, desde LA. Você pode conseguir por USD 50/dia de nível intermediário, devolvendo em Palm Springs. Dirige cerca de 2 horas e meia (percurso normal 1 hora e 40 minutos; porém na quinta pré-festival o movimento é intenso) e pode devolver o carro reabastecendo por apenas USD 15 meio tanque. É uma excelente opção e mais barata que no Brasil. Há vôos disponíveis também, não cheguei a pesquisar pois vinha com o carro desde SF.
- Hospedagem: USD 470 por 4 noites em um quarto de Airbnb, bem localizado. Hotel mais barato que achei foi por USD 900 mas, como citei anteriormente, fazendo a reserva com antecedência poderá encontrar melhores ofertas.
- Alimentação e Bebidas: antes de ir para o festival, achei um local chamado The Sandwich Spot, excelente, um Subway muito mais gostoso (foi eleito melhor sanduíche do deserto). Pagava cerca de USD 11 por um sanduíche bem servido e refrigerante refil. Era meu café da manhã + almoço.
5 – Quais são as tuas dicas infalíveis para curtir bem o festival?
- Protetor solar. EXTREMAMENTE NECESSÁRIO. Até 36 graus no deserto e muitos shows abertos.
- Óculos escuros.
- Carregador de bateria do celular.
- Powerbank (ainda mais no meu caso, que estava utilizando o iPhone para fotos e vídeos. Salvou minha vida).
- Casaco. Não cheguei a utilizar, porém, pode ser bem útil quando aparecem os fortes ventos.
- Tênis confortável: fundamental. A área do festival é enorme e você vai querer andar BASTANTE.
- Bandana. Venta MUITO no deserto. Clima seco. Para os mais alérgicos, muito importante cobrir o rosto na medida do possível. Recomendado pelo festival.
- Protetor lábial: idem pelo motivo acima.
- Garrafa de água: não permitido entrar no festival. Porém, compre uma dentro e utilize o refil do festival.
6 – Na sua opinião, quais os três melhores shows do Coachella 2017? Voltaria em uma nova edição do festival?
- A tenda eletrônica não é uma área que me atraía, porém tinha um público bem fiel. Impressionante os efeitos visuais dentro delas!
- O público americano em geral gosta muito de hip hop e dos DJs que misturam funk, rap, house, dentre outros. Nisso os shows de Kendrick Lamar, DJ Snake e DJ Khaled, por exemplo, foram dos mais concorridos, de ser impossível adentrar caso você chegasse após início do show.
- Hans Zimmer foi uma experiência bem diferente, fantástica! Levou uma verdadeira orquestra para o deserto, com coral incluso até. Tocou trilhas como as de Inception, Gladiador e Rei Leão e o público pirou com as versões da trilha do The Dark Knight (Batman).
- Darei menções honrosas aos shows de King Gizzard and The Lizard Wizard (momento MOSH do festival), The Avalanches (tenda Mojave TREMEU), Thundercat (virtuose MONSTRA), Real Estate (20% da tenda ocupada devido Kendrick Lamar e New Order começando em seguida, mas fizeram um show lindo e agradeciam o tempo todo pela resistência do público), Lee Fields & The Expressions (em show no solzão do domingo que deveria ser a noite. Vozeirão!) e Future Islands: Sam Herring é um ANIMAL em cima do palco.
Shows ESPETACULARES:
- Mac DeMarco: set maravilhoso com as músicas mais conhecidas e as novas bem mescladas. Além de ser um baita entretainer, você dá muita risada com as armações dele, tipo levar “sósias” de David Lee Roth (ex-vocalista do Van Halen) pra surfar na galera e do Ed Sheeran. Teve o público na mão. Só vou pro festival agora se tiver ele no lineup!
- Father John Misty: Ele coloca a alma pra cantar em cima do palco. Banda tecnicamente impecável. Fim de tarde no palco principal, com um visual deslumbrante.Tudo perfeito. Tks Josh Tillman!
- New Order: show leve, final de domingo, efeitos visuais incríveis e uma banda bem afiada. Tocaram tudo o que você espera (“Bizarre Love Triangle”, “Blue Monday”, “Love Will Tear Us Apart”) e uma versão maravilhosa de Temptation. E olhe que começou antes e terminou DEPOIS do Kendrick Lamar. Poderia continuar tocando até hoje.
- E temos o RADIOHEAD. Que não dá pra qualificar em nenhuma categoria anterior. Foi o único show que atrasou – talvez devido aos problemas técnicos do weekend 1 – e despertou uma ansiedade gigante no público, era o artista mais esprado ao lado de Kendrick Lamar. Começou com “Daydreaming” para introduzir o público no ambiente único deles. São capazes de pegar uma música considerada banal tipo “Ful Stop” e fazer dela o estopim pro show explodir. “Myxomatosis” rendeu até meme da Consequence of Sound sobre o quão LOUCO estava Thom Yorke, que de fato é um gênio muito do perturbado. Acompanhado de um Jonny Greenwood tão genial quanto ele. Seu irmão (Colin Greenwood) é um PUTA baixista, subestimado nas citações da banda. As viradas que ele deu em “I Might Be Wrong” são dignas de uma jam de jazz. Enfim, eles passearam por quase toda a discografia, menos por Pablo Honey (leia-se “Creep”), que não fez falta na minha opinião. Poderia escrever infinitas linhas sobre o show, mas no que me pegou pelo coração foram: “Pyramid Song” (amo o Amnesiac), “Everything In Its Right Place”, “My Iron Lung”, “Exit Music (For a Film)”, “Paranoid Android” e “Fake Plastic Trees”, cujo coro poderia ser ouvido desde Palm Springs.