Trilha em Fernando de Noronha: Costa Esmeralda
Ao visitar sites, blogs e agências de viagens em Noronha, você perceberá que existem dois passeios que são bem recomendados: o IlhaTour, que te permitirá conhecer 80% da Ilha em um 4X4, fazendo paradas em mirantes, piscinas naturais e uma parada para banho na Praia do Sancho, um dos cenários mais conhecidos de Fernando de Noronha. O segundo programa recomendado é o passeio de barco, que passa pelas ilhas secundárias, Baía dos Golfinhos e faz uma parada para mergulho livre no Sancho.
Fizemos os dois passeios e sem dúvidas acho que é uma ótima forma de conhecer os principais pontos da ilha (para quem tem poucos dias) ou entender quais você gostou mais para voltar depois, caso fique mais tempo.
Durante o passeio de barco, passamos por todas as praias do mar de dentro e fiquei encantada com a cor da areia, bem amarelada, com a vegetação verde escura e super tropical, e com a cor do mar, vezes azul turquesa, vezes cristalino. O mar de dentro também abriga dois morros que são os ícones e guias para quem visita ou vive em Fernando de Noronha: o Morro do Pico e o Morro dois Irmãos.
Depois de seis dias para cima e para baixo em Noronha e dois dias depois da Trilha Longa do Atalaia, decidi conhecer as praias que faltavam no mar de dentro, mas encontrei apenas um obstáculo: algumas delas eram acessíveis apenas através de uma trilha/caminhada, como a Americano ou a do Bode. Poderia fazer o trajeto “picado”, parando de buggy, descendo, cruzando para a outra e voltando a pé depois, mas não fazia sentido para mim: eu queria pisar em cada uma delas, deitar na areia, pular, ou simplesmente ficar sentada um tempo contemplando tudo aquilo. Mas…não me sentia segura o suficiente para pegar a trilha sozinha. Além de haver um trecho com muitas pedras, eu tinha que sincronizar o tempo de passeio com a maré – sim, a maré deve ser o seu guia no caso de trilhas pelas praias, já que alguns trechos só ficam acessíveis quando a maré está baixa.
Na manhã do nosso sétimo dia acordei às 7h comecei a ligar para alguns guias que conhecemos e não tive sucesso. Às 8:45h, já quase desistindo, consegui falar com o Fábio, guia que foi recomendado pelo Geovani, da Noronha Tour (que nos acompanhou no Ilha Tour). Por sorte o Fábio estava disponível, marcamos às 10h, já que a previsão era que a maré chegaria ao seu nível mínimo às 12:06h e o percurso considerava 8 praias, e às 12h no máximo deveríamos passar pela 5a da lista: a Praia do Americano, a única acessível apenas através de trilha ou barco.
A trilha Costa Esmeralda
Se deu tudo certo? Sim! No mapa abaixo você pode ver a trilha que percorremos das 10h às 12h.
Praia do Cachorro – Buraco do Galego
Nos encontramos no edifício da Prefeitura e descemos até à Praia do Cachorro, já que eu tinha uma pendência lá: mergulhar no Buraco do Galego, uma piscina natural linda e super conhecida. Como a maré ainda estava baixando, o acesso através das pedras foi feito por cima, mas vá tranquila: em cinco minutos você consegue chegar até o Galego.
A piscina é pequena, do tamanho de um ofurô e o mar é super azul turquesa, maravilhoso:
Praia do Meio
Saímos da Praia do Cachorro, subimos as escadas e viramos à direita para pegar uma trilha de cinco minutos que nos levou até à Praia do Meio. A Praia do Meio já era bem conhecida por mim, pois abriga o melhor bar da ilha: o Bar do Meio! <3
Ela sempre está vazia (o que eu particularmente gosto) e é ideal naqueles momentos em que você quer parar para respirar, ler um livro ou simplesmente deitar e curtir a paz que ela tem. Recomendo visitá-la pela noite, especialmente se for de lua cheia, já que ela fica linda!
Praia da Conceição
A Praia da Conceição é a mais agitadinha da ilha no quesito bar/restaurante e por isso eu já conhecia bem. Além disso, ela é a favorita de muitos nativos de Noronha por uma razão bem entendível: é nela que você ficará frente a frente com o famoso e incrível Morro do Pico.
Fiquei meio tensa porque sabia que ali começaria a parte mais complicadinha da caminhada: o trecho de pedras entre a Praia da Conceição e a Praia do Boldró. As pedras eram maiores e mais pontiagudas do que as do Atalaia, por isso achei mais difícil.
Este trecho chatinho tem 1km de extensão. Eu recomendo muito um guia caso você esteja sem nenhuma companhia ou não tenha tanta experiência com trilhas – que era o meu caso.
No finalzinho desta parte, avistei o Boldró.
Praia do Boldró
O Boldró me despertou a curiosidade no passeio de barco, quando vi pelo zoom da câmera um lugar que se parecia um barzinho, de madeira e com algumas redes, Ao perguntar para alguns nativos se aquele lugar estava aberto, alguns me disseram que não, outros que às vezes…e tive a sorte de pegar o Bar do Gerson aberto.
O lugar é super simples, mas… com uma rede e uma água de coco fresca, eu senti que não precisava de nada mais. A praia era quase nossa (só tinha um casal nela), e o mar estava bem agitado, já que era a transição da lua cheia.
O Fábio (guia) me contou que ali no Boldró estava localizada a única casinha/bomba de desanilização da ilha (pasmem!), por isso a recorrente escassez de água pótavel em Noronha. O cano passa por cima dos corais, suga a água do mar, e devolve apenas 1/10 com todo o sal que foi retirado; ou seja, a água do Boldró é bem salgadinha.
Descansei e andei pela praia por 20 minutos, e partimos para a próxima parada, uma das que eu mais tinha vontade de pisar.
Praia do Americano
Como a maré já estava mais baixa (11h da manhã), a passagem de pedras entre as duas praias foi bem tranquila e curta; tão curta que fiz até descalça.
Ao olhar justo pra cima, avistei o Mirante do Boldró, famoso pelo pôr-do-sol com vista para os dois irmãos. Ao olhar pra frente, percebi que o Dois Irmãos estavam mais próximos. A Americano é realmente linda, cercada por paredões rochosos, aquela mata verdinha e me pareceu meio intocada. Sem dúvidas pisar ali e ter aquela visão dela valeu muito à pena.
Praia do Bode
Fui caminhando até o finalzinho da Americano, e o meu guia me perguntou onde eu pensava que ia. Voltei atrás e ele me mostrou que a passagem para a Praia do Bode era “feita por cima”, pela parede de pedra. Coloquei o tênis novamente e fui subindo atrás dele. Cada pedra parecia o degrau de uma escada bem fino, por isso usei as mãos para não perder o equilíbrio. Ao chegar no topo da pedra, a vista da praia e do Mirante vista pela primeira vez do lado oposto:
Descemos um pouco mais para entrar na Praia do Bode e tive que parar para babar um pouco: além da vegetação típica, ela tem uma vegetação rasteira que vai até a areia e que estava florida. Achei uma das praias mais lindas de Noronha. Olha só:
Parei para dar um mergulho e me refrescar. A caminhada já estava na reta final, e as praias que eu sonhava em pisar tinham sido vistas, vividas e registradas devidamente. 🙂
Quixabinha
O guia me explicou que uma pequena faixa de areia entre a praia do Bode e da Cacimba do Padre era a praia da Quixabinha. Um casal esperto estava curtindo aquela área embaixo de um guarda-sol, já era quase 12h!
Cacimba do Padre
Continuamos e passamos pela Cacimba do Padre, que eu já tinha visitado no IlhaTour. Foi bonito ver a praia na maré baixa, já que o Dois Irmãos parecia ainda mais alto e próximo. Pensei que aqui acabava a nossa caminhada pelas praias do mar de dentro, mas o Fábio disse que tinha algo para me mostrar na…
Baía dos Porcos
Subimos pelas pedras que ficam em frente ao morro e cruzamos para a Baía dos Porcos. Dessa vez, com a maré baixa, pude pisar na praia e ir até o finalzinho dela. Subimos nas pedras da ponta da praia e ali estava o que o guia queria me dar como presente surpresa: a piscina natural da Baía dos Porcos. O impulso de pular nela foi grande, mas ele me avisou que ela era tinha um ecossistema delicado, e por isso o banho ou toque não estavam permitidos. Mas só olhar era suficiente neste caso. A piscina era literalmente um aquário natural, e ali eu encerrava uma caminhada de 2,2 km pelas praias “de dentro”do arquipélago, me sentindo um pouco mais forte e com uma mala um pouco mais cheia de lembranças inesquecíveis.
Animou?
O Fábio é um ótimo guia e tem muita experiência. Paguei R$ 100,00 pelo passeio (Nov/2016). O telefone de contato dele é: (81) 98850-0494.
Recomendações para trilha em Fernando de Noronha:
- Use muito protetor solar. O percurso pode durar entre 2h-4h (depende do tempo de parada que você fizer), e ao tomar banho de mar e passar por pedras, você se queimará mais.
- Leve um boné, chapéu ou viseira para proteger o rosto.
- Calçado: eu vou de tênis sempre e levo o chinelo na bolsa, já que as pedras estão molhadas algumas vezes e ficam bem escorregadias com o chinelo.
- Congele uma garrafa de água antes da caminhada e leve com você. Hidratar-se também é super importante!
Oi Ludmy! Primeiramente, gostaria de te agradecer pelo ótimo post, descobri um novo passeio a partir dele. Queria te perguntar se vc teria o contato do guia que te acompanhou nesse passeio, pois também gostaria muito de fazer.
Obrigada!
Oi, Ana Paula! Tudo bem?
Segue o contato do Fábio, que foi o nosso guia: (81) 98850-0494.
Aproveite Noronha!! 🙂