“Nos encontramos amanhã no Cafe Amici, em Hauz Khas Village. Lembre-se de dizer ao taxista, village!”. Recebi essa mensagem da Divya, uma indiana de Mumbai que um colega, o Victor, me apresentou por Facebook. Às 15h eu e o Léo, um colega que chegou hoje para seguir viagem com a gente, saímos pelo conturbado Mais Bazaar pra ele conhecer um pouco a área e depois, conhecer a Divya pessoalmente.
No caminho, fizemos uma parada na estação de trem de Nova Delhi, super movimentada e fomos até o primeiro andar para comprar as nossas passagens pra Jaipur. Pegamos a senha, esperamos uma hora, preenchemos um formulário com os nossos dados e conseguimos comprar a nossa primeira viagem de trem pela Índia: Nova Delhi-Jaipur, às 6:50 da manhã, 2ª classe com ar condicionado, como recomendaram pra gente.
Saímos, comemos um croissant ali perto, e fomos perguntar a um auto-rickshaw quanto custava a viagem até Haus Khaus Village. O primeiro disse: 450 rúpias, é longe! Começamos a negociar, ele queria cobrar 250 rúpias, mas só se parasse em um shopping no caminho. Dessiti, andamos um pouco mais e paramos outro rickshaw, que disse que a viagem custaria 250 rúpias, e negociamos até chegar a 220. Preferíamos um táxi, mas dificilmente os táxis entram naquela rua. Em um dos primeiros sinais que paramos, dei um grito de susto quando senti alguém do meu lado, eram crianças cutucando a gente pedindo comida e dinheiro. Era a primeira vez que acontecia com o Léo e vi a cara dele, é complicado por ser criança, mas é um fato: também acontece no nosso Brasil.
Demoramos uns 45 minutos para chegar até Hauz Khas. O rickshaw nos deixou em uma cancela com o nome da villa e a primeira impressão que tivemos foi ótima, já que o lugar é super organizado, com lojas lindas, restaurantes arrumadinhos e muitas indianas arrumadinhas andando com as amigas e amigos.
Fomos até o final da Vila, que tinha um portão antigo, a entrada para o Complexo de Hauz Khas, que foi construído em volta do tanque originalmente conhecido como Hauz-e-Alai, criado durante o reino de Alauddin Khajli (que reinou entre 1296-1316). Naquela época, a água do tanque era acumulada durante a estação chuvosa e logo depois, usada pelos moradores do bairro ao longo do ano. Depois do fim do reinado de Khajli, o tanque secou por falta de manutenção e só foi restaurado no reinado de Feroz Shah Tughlaq (1351-88), quando passou a ser conhecido como Hauz Khas ou Tanque Real. Ao mesmo tempo, Feroz Shah construiu a Madrasa-e-Feroz no região sul do tanque, o monumento mais lindo, que naquela época, foi uma instituição de alta educaçãoe atraiu estudantes de todas as regiões do país.O edifício da Madrasa tem forma de L e uma vista perfeita para o tanque.
Achei a história legal e decidi compartilhar, já que quando entramos no edifício Madrasa, não imaginei que em algum momento aquele lugar tivesse sido um centro educacional. Hoje ele é visitado por muitos jovens indianos que tocam música, marcam encontros ali e também fazem algumas coisas ilícitas (dito pela Dyvia depois e comprovado por mim). Tivemos a sorte de ver um grupo de música tocando alto, super animados e esse músico sozinho da foto.
Às 17:30 encontramos a Divya no Amici e fomos dar uma volta pelo complexo. Conversamos sobre Mumbai, a sua cidade natal, sobre as suas impressões de Delhi e o trabalho dela, jornalista especializada em diplomacia. Com 23 anos, ela se mudou para Delhi a trabalho, mora sozinha, tem um namorado em Mumbai e ocupa um cargo que gosta no seu trabalho. É muito viva, fala inglês super rápido, adora conversar sobre política, viagens…um amor de menina e creio eu, que um retrato da sociedade indiana que está mudando. As csatas continuam existindo, assim como todos os outros problemas, mas principalmente nas regiões do interior do país. Nas metrópoles, como ela mesma disse, cada pessoa é dono de si mesmo e faz o que quer.
Ela também nos apresentou duas lojas que eu recomendo muito:
Um lugar chamado Zo Cafe, que tem restaurante e bar no segundo andar e no primeiro, tem uma loja de móveis indianos. O ambiente era bem legal, assim como a decoração e o atendimento do garçom, que nos deixou entrar e me deu o cartão do lugar.
E pra terminar o nosso encontro, fomos a um café chamado Kunzum Travel Cafe, um espaço onde eles oferecem cursos de fotografia, travel writer (!), excursões e há fotografias lindas expostas nas paredes, além de wifi grátis. No Kunzum, você pode tomar café ou chá, acompanhado de uns biscoitinhos de chocolate e paga somente o que achar justo depois. O conceito é muito legal, assim como o espaço em si e também recomendo a visita.
Saímos do Kunzum às 19:30 e a Divya fez questão de chamar um rádio-taxi para gente; fomos até a casa dela para despedir-nos e depois seguimos caminho para o Main Bazaar.
Chegamos no hotel, buscamos o Átila e fomos jantar comida indiana em um café ali pertinho. Hoje provamos o Byriani, um dos pratos favoritos do Léo, acompanhados de Naan e suco de laranja. E assim terminou o nosso dia tão especial. Tem coisa melhor do que conhecer pessoas interessantes, que fazem você rerepensar os seus conceitos? Obrigada, Divya.
Boa tarde Ludmy, tudo bem? Estou planejando tambem uma viagem à India e estou amando seus relatos, com dados muito interessantes e uteis! 🙂
Gostaria de saber se pode passar o contato da Divya, pois concordo contigo que essas experiências com os locais são as melhores possiveis e sempre têm algo a nos ensinar.
Obrigada, abraço
É muito bom saber que os posts estão sendo úteis! Debora, peço desculpas, mas a Divya é a amiga de um amigo meu e por essa razão acho delicado passar o contato dela.Caso você tnha alguma dúvida sobre transporte, mais dicas ou até mesmo bater um papo, conte comigo. Um abraço e boa viagem!