Safári no Kruger: como funciona, melhor época para visitar, custos e informações essenciais

Safári no Kruger: como funciona, melhor época para visitar, custos e informações essenciais

Por Átila Ximenes | Vou Contigo

Se o primeiro post desta série trouxe a história e a importância do Kruger National Park para a conservação, agora é hora de contar como é, de fato, viver a experiência de um safári neste que é um dos maiores e mais emblemáticos parques nacionais do planeta. Para além da emoção de ver animais selvagens de perto, o safári no Kruger envolve logística, planejamento e alguns detalhes que fazem toda a diferença na experiência do viajante.

No meu caso, escolhi como base a cidade de Hoedspruit, considerada uma das melhores portas de entrada para o Kruger e para as reservas privadas que compõem o chamado Greater Kruger. Hospedei-me no Ekhaya Bush Villa, um lodge boutique que, além de confortável e acolhedor, organiza toda a parte prática da estadia, dos traslados até a reserva dos tours. Foi de lá que saí, ainda de madrugada, para o meu primeiro safári de dia inteiro.

Às cinco da manhã, o guia nos buscou no lodge e seguimos por cerca de 40 minutos até o portão de Orpen, um dos nove acessos oficiais ao parque. Na entrada, fizemos o pagamento do conservation fee, atualmente fixado em 350 rands por dia para visitantes internacionais (valores válidos em agosto de 2025). É uma taxa que, além de garantir o acesso, ajuda a financiar a operação do parque, projetos de pesquisa e iniciativas comunitárias.

A partir dali, a mágica começou. Foi, sem dúvida, um dos dias mais felizes da minha vida. Fiz o safári com a Bushbaby Tours and Transfers, empresa parceira do Ekhaya, e não poderia ter escolhido melhor. O guia foi impecável: além de conhecer profundamente o território, tinha uma sagacidade impressionante para identificar rastros, ler o comportamento dos animais e encontrar cada espécie que pedíamos. Foi graças a ele que conseguimos ver três dos Big Five (elefante, leão, leopardo, rinoceronte e búfalo) logo no primeiro dia.

Começamos avistando girafas, que se moviam com elegância entre as árvores, e logo em seguida um grupo de elefantes cruzando a estrada. Vieram mais girafas, bandos de zebras e incontáveis antílopes. Vimos também hipopótamos mergulhados em rios, crocodilos à espreita nas margens e até uma família inteira de hienas. O momento mais raro da manhã foi encontrar três cheetas descansando sob a sombra.

Fizemos uma pausa para almoço no Satara Rest Camp, um dos principais pontos de apoio dentro do parque. Além de restaurante e lanchonetes, o camp tem um centro de informações e uma loja de souvenirs, um lugar perfeito para esticar as pernas e abastecer-se antes de seguir viagem.

À tarde, continuamos vendo muitos dos animais da manhã, mas o ponto alto ainda estava por vir. Já quase no fim do dia, nosso guia recebeu pelo rádio a notícia de que haviam encontrado um casal de leões. Seguimos até o local e, por meia hora, ficamos em silêncio absoluto, observando a imponência do rei da selva. Foi um encontro emocionante, daqueles que ficam gravados para sempre na memória. Teve um instante, após vermos uma manada de elefantes, em que eu simplesmente fiquei extasiado: quase chorei de tanta emoção por estar ali, vivendo um momento tão mágico.

Voltamos a Hoedspruit já com o coração cheio. E, para coroar o dia, o chef do Ekhaya Bush Villa havia preparado um churrasco sul-africano, reunindo os hóspedes em torno do Boama, que é um espaço com lareira ao ar livre. Foi a consagração perfeita para fechar um dia absolutamente inesquecível.

Safári no Kruger: quando ir

Mas afinal, quando é a melhor época para visitar o Kruger? A resposta depende do que você busca. Entre maio e outubro, período seco e mais frio, a vegetação baixa favorece a visibilidade e os animais se concentram em torno das fontes de água, é a época considerada ideal para safáris. Já de novembro a março, a estação chuvosa transforma a savana em um espetáculo de verde, com direito ao nascimento de filhotes e a presença intensa de aves migratórias. O lado menos favorável dessa temporada é o calor, a umidade e a dificuldade maior em avistar alguns animais em meio à vegetação densa.

Safári no Kruger: quanto custa?

Do ponto de vista prático, planejar um safári exige atenção ao orçamento. Os custos variam bastante de acordo com o estilo de viagem. As passagens aéreas de São Paulo para Joanesburgo ficam em torno R$ 3.500,00 (emiti os bilhetes com pontos Latam, ida e volta me custaram 105 mil), dependendo da época. De Joanesburgo a Hoedspruit, é possível voar em companhias regionais ou optar pelos shuttles terrestres, que custam em média de 750 a 1.300 rands por trecho e levam cerca de seis horas, com duas paradas no caminho. A hospedagem também varia: os rest camps administrados pela SANParks oferecem chalés a partir de 1.000 rands por noite, enquanto lodges boutique, como o Ekhaya, ficam na faixa dos 1.250 a 3.950 rands. Para quem busca experiências exclusivas, os lodges de luxo podem ultrapassar facilmente os 8.000 rands por noite, geralmente com pensão completa e safáris incluídos.

Ainda sobre como chegar em Hoedspruit, fui via terrestre. Na ida utilizei a Safari Link e, no retorno, a Swift, empresas de shuttles que operam regularmente nesse trajeto. O ponto de embarque e desembarque em Joanesburgo fica no Bus Terminal do aeroporto. Ao sair do desembarque, basta seguir as placas para “Bus Terminal” (ou, alternativamente, para o Hotel Intercontinental, já que o terminal fica ao lado). É importante fazer a reserva com antecedência.

Os próprios tours também precisam entrar no cálculo. Um safári de dia inteiro no Kruger, como o que eu fiz, custa em média 2.400 rands por pessoa com a Bush Baby Tours and Transfers, empresa parceira do Ekhaya. Saímos cedo, cruzamos boa parte do parque, fizemos uma pausa em um rest camp para o almoço e seguimos até o fim da tarde, aproveitando cada segundo. A diferença de contar com uma operadora especializada está na qualidade da experiência: o guia tinha um olhar treinado para identificar rastros e comportamentos, sabia explicar cada detalhe e ainda se comunicava via rádio com outros guias, o que aumentava nossas chances de avistar os Big Five.

Alguns cuidados são indispensáveis para garantir conforto e segurança durante a experiência. Nas manhãs frias, especialmente entre junho e agosto, casacos corta-vento, cachecóis e gorros fazem toda a diferença dentro dos veículos abertos. Protetor solar e óculos de sol são essenciais, já que a luz da savana é intensa ao longo do dia. Binóculo e câmera fotográfica, claro, ajudam a eternizar os momentos. E nunca esqueça de levar água e snacks, embora os rest camps tenham lanchonetes e restaurantes básicos.

Outro ponto fundamental é a antecedência. Reserve hospedagem, tours e até mesmo as entradas com bastante tempo, sobretudo na alta temporada. O parque recebe mais de 1,4 milhão de visitantes por ano, e não é raro que lodges e camps esgotem com meses de antecedência.

Estar no Kruger é um mergulho em uma história de conservação centenária e um encontro com a vida selvagem em seu estado mais puro. E, com planejamento, respeito às regras e um pouco de paciência, a experiência se torna ainda mais transformadora. Para mim, foi um dos momentos mais marcantes da vida, e tenho certeza de que será também para você.

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